Cidade claustrofobica. Alucino e vejo os prédios dançarem como se a cidade fosse uma pista de um salão de dança. As pessoas passeiam-se vidradas sem reparar que existem. Cheira a fumo. Os carros parecem-me bólides na imobilidade da cidade. Tudo liquidado numa velocidade estonteante. O horizonte não existe. A noite cai. A cidade fica com uma emancipada normalidade. As pessoas ressuscitam e tornam-se expressão. A noite tem esse encanto mesmo na cidade. Encanta-se de vida. A ponte acende-se. Iluminada fica reparável aos meus olhos, bem como os barcos que povoam o rio. Os bares berram embriagados e roucos. O fumo excitado salta ao som de uma batida que não sendo a minha já o foi. Reconheço-as. Os corpos ausentam-se da alma numa volátil sedução. Bandos de gaiatos escrevem pergaminhos na relva onde se rebolam. A cidade é apertada para mim. Salpicam monumentos e espectáculos que é o que me faz habitá-la. Adoro a estrada que me traz, de um regresso atempado e premeditado. A cidade agrada-me. Agrada-me usá-la e voltar ao sítio onde a linha do horizonte não quebra a lua cheia. Foi o meu regresso de alma cheia, da cidade claustrofobica e ausente, cheia de gente e solidão, invisível e poluída, capital da nação. Tudo tem o seu tempo. O meu por agora é este.
Giestas perfumadas barram-me o caminho. Rastejo e passo para o outro lado. Arranho-me de querer. Desta força faço a luta que travo no meu caminho. Mais lutador que guerreiro, ergo-me de cada vez que rastejo. As papoilas lilases acariciam-me a face e retrocedem no meu tempo. Ao longe o trigo baila com o vento. Vejo o pó da terra levantado pelo um arado que trata a lezíria. As cegonhas altaneiras observam-me. Sinto-me pequeno mas robusto. Tenho uma planície minha, só e sem companhia. O céu escurece, leio nele uma mensagem. Oiço as palavras balbucionadas pelo vento que gravo e penso em escrever. O veneno da solidão quando acaba transforma-se em força e lucidez. Não escrevo multidões cheias de nada, escrevo muito mais solidões cheias de tudo. Uma mão cheia de tudo é nada e uma cheia de nada é farta. A urbe mata-me. O campo renasce-me. Lugares comuns empobrecem-me, os não triviais enriquecem-me. No fundo as escolhas são actos não pensados, são muito mais caminhados que decididos. Não existe força nas escolhas, as escolhas são feitas de intuição, que se comprovam ou não, por tentativa e erro. Aceito o erro como tentativa. Sou feliz por errar. Existem mil deuses. A liberdade de interagir com as coincidências torna-me crente nalguns dias. Os factos são feitos de actos, a inércia é pobreza e miserabilidade. Sou lutador mais que guerreiro. Sou arauto da paz salpicado pela chuva e pelas madrugadas. O meu trabalho germina e cresce, é como um filho, em Outubro nascerá.
Barcos pequenos e embaciados pela distância alcançada dos meus olhos bolinam soprados pelo vento do mar lá longe. O meu pensamento inventa na extensão de lá aparecer, uma história de partida mais que chegada. Na verdade sou muito mais partida do que chegada. As partidas desde miúdo que me fazem chorar. Não gosto de partidas. Detesto o hino da despedida.
Ainda mal conhecido de mim próprio e acerca do que me move, reconhecia já o desconhecimento deste choro aguçado, frio e cruel da saudade. Senti sempre o choro da despedida antes do abraço final. Cheirava-me a despedida logo pela manhã, na preparação dos cozinhados mais elaborados, dos doces ou na toalha de mesa retirada da arca raramente. Da toalha “anaftalinada” e amofinada.
Despedidas?
Ainda hoje não as frequento. Prefiro desaparecer a despedir-me. Uma despedida tem em mim o dom de me ensanguentar a alma. De sentir uma dor no peito como se um punhal se me cravasse nele. Um nó na garganta tamanho do sentir de um enforcado. Um peso de toneladas carregado nos meus ombros. Insuportável sentir este da cabeça a latejar. Infernal o rio de choro dentro de mim que me afoga, aflige e desespera. Demoníaca tempestade esta, onde ao sabor do vento e do mar, sou atirado contra uma rocha escarpada e pontiaguda de uma península, e ali morro desfeito de despedida.
A despedida tem dentro de mim, frio e fome. Sede e medo, e solidão. Vivo a despedida retirando à palavra pedida o “des” que é de desvario, alucinação e falecimento. Recuso-me a despedir porque sou mais partida do que chegada.
Assim sendo nem me despeço. Vou-me embora. Parto agora, dentro de momentos e parto sem dor, um parto fácil dentro do tempo que o tempo tem. Um parto sem dor é feito de nascimento. É vida mais que outra coisa qualquer. Parto e vou-me. Morro para ressuscitar.
Partículas de um amor querido misturam-se nesta época em que o pólen é agressivo e forte. Isso não faz com que o amor seja pacificamente brutal ou sentido. O amor por si só já o é. O oferecimento que faz da vida e da morte cruel e fantástica, divina e sublime, agastada e conquistada é um carrossel, uma montanha russa ou o poço da morte. É divertimento e alegria, tristeza, angústia e medo. É morrer de cada vez que se ama e nascer de cada vez que se pára de amar e nos reencontramos. É equilíbrio e obsessão, vontade e fuga. É voltar a virar as molduras que estavam deitadas de face para baixo e erguermo-nos das noites claras pensadas em branco. É voltar a sentir o orgasmo das palavras, o prolongamento dos acordes, fazer melodia com a presença das palavras. O amor é um inferno que vale bem a pena. O céu é uma pena por cumprir. O amor de final feliz, é o desencontro desencantado com o acreditar na oportunidade de conhecer um amor mais afortunado ainda. O amor é diário e recorrente.
Do alto de céu grito para a montanha a devolução da vida, dos meus livros de poemas e das canções que escrevi. Já escrevi canções. Tenho-as guardadas em mim. Uma ofereci-a, falava do mar a sudoeste, das ondas, da saudade ausente e de um fogo extasiante moribundo no meu peito. Falava essencialmente de sul, de outro continente para lá de Gibraltar, quente mediterrâneo e de noites soalheiras sentadas em contemplação.
Rasgo com as minhas próprias mãos o meu peito e arranco-me o coração. Maldito coração que me atraiçoa diariamente. Corro para o rio que atravessa o castelo da minha cidade e da ponte não me jogo ainda. Jogo na corrente abundante o ensanguentado órgão que detenho nas mãos, ainda vivo e soluçante. A água torna-se encarniçada, volúvel e absurda. Esta é a cor da miséria que a água não lava. Assim desta forma purifico um corpo gasto e sujo pelo trabalho que dá viver sem nexo e rumo. Sem ouvir e ser ouvido. Os excessos constantes atenuam a culpa que dorme na cabeceira do meu sono. Já não sonho. Nem a dormir nem acordado. Já não sonho. Foram-se os sonhos com os pássaros. Vazaram com a maré na enseada. Zango-me com os milhões de motivos que me fazem arrancar o coração e deitá-lo fora, assim, sem hesitar, na corrente avassaladora do rio que faz de enxurrada a minha vida. Vai de mim mais que palavras. Vai de mim o sujo das palavras que ouvi, das camas onde dormi e do nojo, da esperança, das pessoas que me poluem, dos ministros, do fascismo, das chefias e subordinados, e até da liberdade. Como eu queria esvaziar-me de pensamentos. Como eu queria esvaziar-me desta vida e encher-me de uma morte calma e cremada feita de pó. Os minutos apresentam-se-me em horas. Os dias demoram a deitar-se com a noite. As madrugadas demoram mais que o tempo a parir um dia. O meu sítio não é este, as minhas pessoas não são estas. Aprimorando! Eu não pertenço a este sítio e não sou para estas pessoas, já que da floresta onde em pertenço, não sopra esta brisa, nem soluça este mar de sal e lágrimas.
Embrulhado em pensamentos espero pelo sono que não vem. Esvazio e encho a cabeça de pensamentos enrolados. Relembro uma frase de Tolstói que acompanha e seduz a minha entidade:
"Os ricos farão tudo pelos pobres, menos descer das suas costas".
Só esta frase produz em mim feitiço e engenho de escrever sem conseguir parar. Escrever sem fim. Só esta frase vale o romance. Só esta frase tem o peso da igualdade, da injustiça social. Esta frase é o mundo hoje, já o era quando foi escrita. A actualidade do pensamento filosófico tem destas coisas, é intemporal e não perde a validade. É cristalizado pelo tempo, referido pela história, verificado pela existência. Ganhar o sustento é tudo o que o ser humano, dignamente necessita. O livro a Ressurreição de Leon Tolstói fere-nos da sua actualidade embora escrito no século XIX
Frases de Tolstói:
"Quem nunca esteve na prisão não sabe como é o Estado".
"A arte é um dos meios que unem os homens."
"Não existe grandeza onde não há simplicidade, bondade e verdade."
"Em arte tudo está naquele nada."
"Na minha procura de respostas para a pergunta da vida, senti-me exactamente como um homem perdido numa floresta."
"Quase todos os esforços humanos se dirigem não à diminuição da carga do trabalhador, mas a tornar mais agradável o ócio dos que já vivem em lazer."
"Cada um pensa em mudar a humanidade, mas ninguém pensa em mudar-se a si mesmo."
"É mais fácil escrever dez volumes de princípios filosóficos que por em prática um só deles."
"Antes de dar ao povo sacerdotes, soldados e maestros, seria oportuno saber se ele não está morrendo de fome."
A economia vai derrotar a democracia de 1976. José Sócrates, é um homem de circo, de espectáculo. Portugal está a ser gerido por medíocres, Guterres, Barroso, Santana Lopes e este, José Sócrates, não perceberam o essencial do problema do país. O desemprego não é um problema, é uma consequência de alguma coisa que não está bem na economia. Já estou enjoado de medidinhas. Já nem sei o que é que isso custa, nem sequer sei se estão a ser aplicadas. A população não vai aguentar daqui a dez anos um Estado social como aquele em que nós estamos a viver. Este que está lá agora, o Sócrates, é um homem de espectáculo, é um homem de circo. Desde a primeira hora. É gente de circo. E prezam o espectáculo porque querem enganar a sociedade. Vocês, comunicação social, o que dão é esta conversa de «inflação menos 1 ponto», o «crescimento 0,1 em vez de 0,6». Se as pessoas soubessem o que é 0,1 de crescimento, que é um café por português de 3 em 3 dias... Portanto andamos a discutir um café de 3 em 3 dias... mas é sem açúcar. Eu não sou candidato a nada, e por conseguinte não quero ser popular. Eu não quero é enganar os portugueses. Nem digo mal por prazer, nem quero ser «popularuxo» porque não dependo do aparelho político!" Ainda há dias eu estava num supermercado, numa bicha para pagar, e estava uma rapariga de umbigo de fora com umas garrafas, e em vez de multiplicar «6 x 3 = 18», contava com os dedos: 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7... Isto não é ensino... é falta de ensino, é uma treta! É o futuro que está em causa! Os números são fatais. Dos números ninguém se livra, mesmo que não goste. Uma economia que em cada 3 anos dos últimos 27, cresceu 1%... esta economia não resiste num país europeu. Quem anda a viver da política para tratar da sua vida, não se pode esperar coisa nenhuma. A causa pública exige entrega e desinteresse. Se nós já estamos ultra-endividados, faz algum sentido ir gastar este dinheiro todo em coisas que não são estritamente indispensáveis? P'rá gente ir para o Porto ou para Badajoz mais depressa 20 minutos? Acha que sim? A aviação está a sofrer uma reconversão, vamos agora fazer um aeroporto, se calhar não era melhor aproveitar a Portela? Quer dizer, isto está tudo louco?" Eu por mim estou convencido que não se faz nada para pôr a Justiça a funcionar porque a classe política tem medo de ser apanhada na rede da Justiça. É uma desconfiança que eu tenho. E então, quanto mais complicado aquilo for...
Nós tivemos nos últimos 10 / 12 anos 4 Primeiros-Ministros: - Um desapareceu; - O outro arranjou um melhor emprego em Bruxelas, foi-se embora; - O outro foi mandado embora pelo Presidente da República; - E este coitado, anda a ver se consegue chegar ao fim" O João Cravinho tentou resolver o problema da corrupção em Portugal. Tentou. Foi "exilado" para Londres. O Carrilho também falava um bocado, foi para Paris. O Alegre depois não sei para onde ele irá... Em Portugal quem fala contra a corrupção ou é mandado para um "exílio dourado", ou então é entupido e cercado. Mas você acredita nesse «considerado bem»? Então, o meu amigo encomenda aí uma ponte que é orçamentada para 100 e depois custa 400? Não há uma obra que não custe 3 ou 4 vezes mais? Não acha que isto é um saque dos dinheiros públicos? E não vejo intervenção da polícia... Há-de acreditar que há muita gente que fica com a grande parte da diferença! De acordo com as circunstâncias previstas, nós por volta de 2020 somos o país mais pobre da União Europeia. É claro que vamos ter o nome de Lisboa na estratégia, e vamos ter, eventualmente, o nome de Lisboa no tratado. É, mas não passa disso. É só para entreter a gente. Isto é um circo. É uma palhaçada. Nas eleições, uns não sabem o que estão a prometer, e outros são declaradamente uns mentirosos: - Prometem aquilo que sabem que não podem." A educação em Portugal é um crime de «lesa-juventude»: Com a fantasia do ensino dito «inclusivo», têm lá uma data de gente que não quer estudar, que não faz nada, não fará nada, nem deixa ninguém estudar. Para que é que serve estar lá gente que não quer estudar? Claro que o pessoal que não quer estudar está lá a atrapalhar a vida aqueles que querem estudar. Mas é inclusiva... O que é inclusiva? É para formar tontos? Analfabetos?" "Os exames são uma vergonha. Você acredita que num ano a média de Matemática é 10, e no outro ano é 14? Acha que o pessoal melhorou desta maneira? Por conseguinte a única coisa que posso dizer é que é mentira, é um roubo ao ensino e aos professores! Está-se a levar a juventude para um beco sem saída. Esta juventude vai ser completamente desgraçada! A minha opinião desde há muito tempo é: TGV - Não! Para um país com este tamanho é uma tontice. O aeroporto depende. Eu acho que é de pensar duas vezes esse problema. Ainda mais agora com o problema do petróleo. Bragança não pode ficar fora da rede de auto-estradas? Não? Quer dizer, Bragança fica dentro da rede de auto-estradas e nós ficamos encalacrados no estrangeiro? Eu nem comento essa afirmação que é para não ir mais longe... Bragança com uma boa estrada fica muito bem ligada. Quem tem interesse que se façam estas obras é o Governo Português, são os partidos do poder, são os bancos, são os construtores, são os vendedores de maquinaria... Esses é que têm interesse, não é o Português! Nós em Portugal sabemos resolver o problema dos outros: A guerra do Iraque, do Afeganistão, se o Presidente havia de ter sido o Bush, mas não sabemos resolver os nossos. As nossas grandes personalidades em Portugal falam de tudo no estrangeiro: criticam, promovem, conferenciam, discutem, mas se lhes perguntar o que é que se devia fazer em Portugal nenhum sabe. Somos um país de papagaios... Receber os prisioneiros de Guantanamo? Isso fica bem e a alimentação não deve ser cara...» Saibamos olhar para os nossos problemas e resolvê-los e deixemos lá os outros... Isso é um sintoma de inferioridade que a gente tem, estar sempre a olhar para os outros. Olhemos para nós! A crise internacional é realmente um problema grave, para 1-2 anos. Quando passar lá fora, a crise passará cá. Mas quando essa crise passar cá, nós ficamos outra vez com os nossos problemas, com a nossa crise. Portanto é importante não embebedar o pessoal com a ideia de que isto é a maldita crise. Não é! Nós estamos com um endividamento diário nos últimos 3 anos correspondente a 48 milhões de euros por dia: Por hora são 2 milhões! Portanto, quando acabarmos este programa Portugal deve mais 2 milhões! Quem é que vai pagar? Isso era o que deveríamos ter em grande quantidade. Era vender sapatos. Mas nós não estamos a falar de vender sapatos. Nós estamos a falar de pedir dinheiro emprestado lá fora, pô-lo a circular, o pessoal come e bebe, e depois ele sai logo a seguir..." Ouça, eu não ligo importância a esses documentos aprovados na Assembleia... Não me fale da Assembleia, isso é uma provocação... Poupe-me a esse espectáculo...." Isto da avaliação dos professores não é começar por lado nenhum. Eu já disse à Ministra uma vez «A senhora tem uma agenda errada"» Porque sem pôr disciplina na escola, não lhe interessa os professores. Quer grandes professores? Eu também, agora, para quê? Chegam lá os meninos fazem o que lhes dá na cabeça, insultam, batem, partem a carteira e não acontece coisa nenhuma. Vale a pena ter lá o grande professor? Ele não está para aturar aquilo...Portanto tem que haver uma agenda para a Educação. Eu sou contra a autonomia das escolas Isso é descentralizar a «bandalheira». Há dias circulava na Internet uma notícia sobre um atleta olímpico que andou numa "nova oportunidade" uns meses, fez o 12º ano e agora vai seguir Medicina... Quer dizer, o homem andava aí distraído, disseram «meta-se nas novas oportunidades» e agora entra em Medicina... Bem, quando ele acabar o curso já eu não devo cá andar felizmente, mas quem vai apanhar esse atleta olímpico com este tipo de preparação... Quer dizer, isto é tudo uma trafulhice..." É preciso que alguém diga aos portugueses o caminho que este país está a levar. Um país que empobrece, que se torna cada vez mais desigual, em que as desigualdades não têm fundamento, a maior parte delas são desigualdades ilegítimas para não dizer mais, numa sociedade onde uns empobrecem sem justificação e outros se tornam multi-milionários sem justificação, é um caldo de cultura que pode acabar muito mal. Eu receio mesmo que acabe. Até há cerca de um ano eu pensava que íamos ficar irremediavelmente mais pobres, mas aqui quentinhos, pacíficos, amiguinhos, a passar a mão uns pelos outros... Começo a pensar que vamos empobrecer, mas com barulho... Hoje, acrescento-lhe só o «muito». Digo-lhe que a gente vai empobrecer, provavelmente com muito barulho... Eu achava que não havia «barulho», depois achava que ia haver «barulho», e agora acho que vai haver «muito barulho». Os portugueses que interpretem o que quiserem... Quando sobe a linha de desenvolvimento da União Europeia sobe a linha de Portugal. Por conseguinte quando os Governos dizem que estão a fazer coisas e que a economia está a responder, é mentira! Portanto, nós na conjuntura de médio prazo e curto prazo não fazemos coisa nenhuma. Os governos não fazem nada que seja útil ou que seja excessivamente útil. É só conversa e portanto, não acreditem... No longo prazo, também não fizemos nada para o resolver e esta é que é a angústia da economia portuguesa. "Tudo se resume a sacar dinheiro de qualquer sítio. Esta interpenetração do político com o económico, das empresas que vão buscar os políticos, dos políticos que vão buscar as empresas...Isto não é um problema de regras, é um problema das pessoas em si...Porque é que se vai buscar políticos para as empresas? É o sistema, é a (des)educação que a gente tem para a vida política... Um político é um político e um empresário é um empresário. Não deve haver confusões entre uma coisa e outra. Cada um no seu sítio. Esta coisa de ser político, depois ministro, depois sai, vai para ali, tira-se de acolá, volta-se para ministro... é tudo uma sujeira que não dá saúde nenhuma à sociedade. Este país não vai de habilidades nem de espectáculos. Este país vai de seriedade. Enquanto tivermos ministros a verificar preços e a distribuir computadores, eles não são ministros. São propagandistas! Eles não são pagos nem escolhidos para isso! Eles têm outras competências e têm que perceber quais os grandes problemas do país! Se aparece aqui uma pessoa para falar verdade, os vossos comentadores dizem «este tipo é chato, é pessimista»... Se vem aqui outro trafulha a dizer umas aldrabices fica tudo satisfeito... Vocês têm que arranjar um programa onde as pessoas venham à vontade, sem estarem a ser pressionadas, sossegadamente dizer aquilo que pensam. E os portugueses se quiserem ouvir, ouvem. E eles vão ouvir, porque no dia em que começarem a ouvir gente séria e que não diz aldrabices, param para ouvir. O Português está farto de ser enganado! Todos os dias tem a sensação que é enganado!