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Cardilium

Cardilium

Libertino

 

Libertino parto pelo trilho não recomendado. Dou por mim em bairros feitos de nada, onde as crianças se escondem para brincar. Vivo. Sobrevivo. Continuo o caminho que ninguém faz. Vivo temperaturas amenas. Vejo o pôr-do-sol e da lua. Vivo uma lua-de-mel ardente. Corro pelos prados verdes, verdejantes de fantasia e malmequeres. Mudo de País, de cidade, de mulher, de conceito e de sonho. Carrego-me sempre. Carreguei-me sempre, suporto-me. Renasço e volto a correr, a viajar. Projecto e sonho. Faço uma fogueira no Meco. Adormeço com o mar á frente. As estrelas dançam no céu. O timbre afinado e cadente das vagas está de encontro á praia. O mar esta salpicado de luz. Adivinho os pescadores. A maré está-se a levantar. Levanto-me com ela e vou. Vou mais para baixo, onde as gaivotas escolhem ser felizes. Onde as rochas gemem agua. Onde a terra castanho fértil, se junta aos azuis que pincelam a esperança. Onde as mulheres vestem de preto e usam lenços á cabeça. Onde existem samarras, e as casas habitam os brancos. Vou mais para baixo, rasgando a serra que me leva daqui. Onde os arbustos rudes me roubam a saudade. Onde deposito a esperança, caminhando pelo sonho de caminhar por ali. Soberbo, o que sinto naquele espaço que não é meu, mas que habito. Só quero uns livros, uma viola, o meu amigo e tu. Quero ser filho de um deus secreto e selvagem. Selvagem como o sudoeste que invento. Secreto como um anónimo sedutor, como uma serpente aliciada pelo som de uma flauta insana!....

...vida, mar, terra, acordes, vento e cravos...

 

O meu olhar vagueia no vazio da imensidão, do escuro triste dos meus olhos. Os meus passos escrevem palavras sem nexo aos olhos da humanidade. O passado, outrora escrito, por aquele louco escritor que apodreceu entre as palavras, as garrafas, o fumo, e as mulheres que amou, encaminha-me. Li e reli-o mil vezes. O meu sentir único é-me querido. Cada voo de gaivota não me é indiferente. Pinto cada rocha como se fosse única. O nevoeiro é como o arco-íris, no delírio sábio da minha fantasia. Exclusiva. Salto de sonho em sonho. O mestrado não é mais, do que não sei o quê para fugir de mim. Adiciono informação e arranjo tempo para escrever. Exorcizo-me. Gosto daquelas pessoas que me gostam. Não sou fácil. Assusta-me a minha sedução pelo vazio, o inexplicável, o suicídio, a solidão, o medo, o desafio, a morte mais que a vida. Os regressos mais que as partidas. As minorias, os bêbedos, os drogados e as prostitutas são-me queridos. È como se a miséria colorisse a vida. Fantasio festins de alegria com as minorias. Vejo-me louco e feliz. Nunca mais faço as malas e parto, porra!...

Anseio real o pensamento. Sinto os lábios de rocha e pedra. Amo esporadicamente momentos. Assim antes da vida, mar, terra, acordes, vento e cravos.

Tao pequeno !...

Quero enrolar a minha língua na tua. Ouvir-te respirar ofegante sem teres subido aquelas escadas que te trouxeram ate mim. Quero tocar-te no corpo que me disponibilizas. Quero que me toques. Quero fazer da fantasia, norma e regra. Sem método. Animalescamente carinhoso. Quero estar dentro de ti. Quero que subas em mim, e faças de mim o teu cavalo alado. Quero que te descontroles. Quero que te acalmes. Queres que fiques excitada para sempre. Quero ser o teu pensamento, as tuas lágrimas, o teu afecto e o teu sorriso. Quero ser, os passos que dás. Quero que sofras e te alegres. Quero que sejas silêncio. Quero que sejas palavra. Quero que sejas o meu sono. Quero que fiques acordada por mim. Quero que durmas e me deixes velar por ti. Quero ser o teu perfume. As tuas recordações. Os teus livros, as tuas canções. Os teus poemas, a tua prosa. Quero que enlouqueças e cegues por mim. Quero ser cego, autista, virado por ti. Quero que me achem demente. Quero ser capaz de me suicidar no dia que morreres. Quero que me faças sentido. Quero ser anti imagem. Quero ter um prado verdejante e ver te correr descalça de vestido de linho ao vento. Quero tocar para ti e que me aches o melhor musico do mundo. Quero que guardes os meus beijos eternamente. Os meus gestos as minhas palavras. Parece tão pequeno. Parece tão pouco. Tão banal. Mas carrega dentro de si tudo o que as palavras não definem. Sol, nevoeiro, lua, chuva, desejo e admiração. Abre o teu coração como as romãs que se abrem na árvore...

 

um Deus secreto e selvagem

 

Sonho atrás de sonho, madrugada após madrugada, devoro a insaciável loucura de adicionar á mente conhecimento. Confirmo a velha e sabia máxima: “só sei que nada sei”. Uma aventura que é continuação da anterior rompe-me, invade-me e dilacera-me a alma. Eu nunca estou contente. Quero mais vida, mais sossego, mais morte, mais movimento, mais cor, mais cinza, mais violeta, mais vulcões, mais guerra e mais paz. Quero mais quadros pintados nas ruas dilaceradas, quero mais ruínas. Quero mais e maiores tempestades e um deserto recheado de areia. Quero conhecer Jesus Cristo. Quero o mar no meu quintal, um pinhal e uma montanha. Quero que um Deus secreto e selvagem me adopte. Quero um sítio banal, só meu e especial. Quero tudo. Quero o amanha. Quero repensar-me. Quero as horas todas para mim. Quero a loucura de não me sentir louco. Quero não me sentir louco, nesta loucura de querer. Quero trinta centímetros de ombro, mais que sexo. Quero uma língua universal. Quero partir.

Entre nós … existe!...

 

Entre nós as palavras fundem o desejo.

Elevam os actos e a poesia,

É quente cada caminho que percorro.

 

Entre nós cada pedaço de mim é fugidio.

Cada momento é negro,

E o sonho cintilante.

 

Entre nós inventamos arrepios.

O teu silêncio é diamante,

As tuas palavras surdez.

 

Entre nós as mãos são acalmia.

A respiração inspiração,

A noite sedução.

 

Entre nós os murmúrios.

Ecoam a saudade,

Sinto as palavras gemerem.

 

Entre nós o muro que erguemos.

È delicado e forte,

E as nossas bocas o momento.

 

 

Entre nós não existe a noite.

Nevoeiro e mar,

Entre nós … existe, Entre nós … existe!...

 

dj´s ???

 

Trancam-se-me as palavras na garganta. O fumo denso e a cinza bailam no ar. Acumulam-se nos cantos corpos rígidos. As luzes de cores não são coloridas. Os sorrisos são induzidos. Os olhares são baços. As roupas condizem com os catálogos. Não existe alegria, amizade. Todos se olham desconfiados na noite, no velho bar onde outrora se fumava ao luar. Nas escadas defronte trocava-se a música e conhecimento. Na descida que dava para o rio junto ao mercado, aguardava-se que a madrugada ficasse clara. A música fazia os corpos sedutores e alegres. Ao sábado já não se namora cego de paixão, como se o mundo estivesse parado e só existisse hoje. Como se não houvesse amanha. A música “tocada por dj´s” é uma invenção, é uma oportunidade comercial associada ao embrutecimento, á moda, ás drogas químicas, e ao ataque maciço ás células dos nossos “putos”. Alienar e alucinar é essencial, a musica e o amor o acessório.

eu ?

 

Olá estrela como estás?

- Estou sem luz disse baixinho.

Entendes-me?

-Creio que sim, sem presunções pois não lido contigo regularmente, mas acho que entendo qualquer coisita de ti, sim.
Entendes o quê?
 – Entendo-te complexo...sei que tens uma necessidade absoluta do teu espaço... sei que apesar dessa necessidade de espaço não te vês como cavernoso... e não imaginas a tua vida sem certas pessoas, gostas de falar, sei que gostas. Gostas de conversas sem nexo, que no entanto a ti, te fazem todo o sentido... gostas de contradições, as coisas lineares são te estranhas, as pessoas lineares são te estranhíssima, vais ter 80 anos e ainda irás a concertos e ouvirás musica alto... porque és um rebelde, um rebelde consciente, mas um rebelde, tens 40 anos, porque ja nao fazes anos, mas não te sentes como tal, para ti, ainda és um puto, um puto de gravata... mas és um puto com responsabilidades, que fazes questão de cumprir e de assumir, por isso as vezes te chamo gajo/miúdo, és demasiadamente sensível, e sabes disso, e tentas fugir dessa tua característica... porque perceberem-te sensível é apanhar-te em fraqueza, e tu não és gajo para demonstrar fraquezas.

Errei muito? Perguntou? Ou não te conheço nada?
- Conheces me razoavelmente bem , por isso te gosto, com poucos dados sabes bastante de mim, não me importo, ate gosto
- Sei aquilo que me é permitido saber, não peço nem mais nem menos, chega-me para te pintar, e para te ir entendendo....(to be continued) :-)