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Cardilium

Cardilium

A felicidade é um estado de espírito afinal!....

E se nos vestíssemos de palavras e despíssemos de preconceitos?

Que interessa a merda da cor?

Que interessa o continente?

Que interessa donde venho ou para onde vou?

Satisfaz-me os momentos audazes e arrojados.

 

Interessa-me inventar e sonhar.

Interessa-me saber e compreender.

Eu quero lá saber a igreja a que vais.

Só me interessa o pleno de presença, a satisfação do momento.

Interessam-me as conversas sem suspiros ou queixumes.

Interessa-me a genuinidade, o aconchego e o bem-estar.

Interessa-me sentir o tempo parado paradinho, e não ter pressa.

A lareira quebra a noite.

As palavras não se esgotam nos interesses.

Prefiro não saber para não comentar.

Não me interessa a vida dos amantes

Interessam-me os amantes.

Não me interessa o dinheiro.

Nem a moda.

Nem as marcas.

Interessa-me o coração e os acordes da minha viola.

 

Abomino expectativas.

Abomino a lucidez que cega.

Amo as duvidas.

As oportunidades.

Os desencontros

Os encontros

As minorias

As greves

E o Jazz

 

A felicidade é um estado de espírito afinal!....

 

O que nos divide é o rio

Escrever é o contrario de vestir. Escrever é desnudar. É fantasiar personagens. É mentir com a verdade. É a verdade enfeitada de mentira. A verdade e a mentira são poemas exteriores, invalidáveis. É a anti-mentira e a anti-verdade. É anti memória. O passado não existe. Apenas existem momentos. O futuro existe transformando-se em passado. Inexequível. O crescimento é factual e desnecessário. A maioria das relações são amparos de terceiros. A maioria das relações são sustento do período que encerra conhecimento, com vontade e auto estima. Ser nobre é uma grandeza não humana. O homem por natureza não é nobre. Faz-se. Faz-se de cada vez que é plebeu. O anonimato e a confiança estão intimamente relacionados com erros irreparáveis. A ignorância prolifera. O protagonismo é atroz. As estrelas já não são o que eram. Provavelmente nunca o foram. Mudaram como os meus olhos. Se já não são, nunca o foram. Senão pensaria como Arantes antes da conquista, pensaria como a Castro antes da invasão, pensaria como Fernandes e outros tantos conquistadores. O que nos divide é o rio das Lapas e o Tejo da Barquinha. O que divide a malta é o direito há diferença. Falta de chá é eterna, não se lima. As linhas são ténues e desnudadas…. Ah pois são….

Sem imagem

Não estou inspirado para trabalhar, apetece me um pouco de conversa sem imagem. Sem ter em conta as boas práticas. Apetece – me ser eu, hoje estou cansado de representar um papel que me faz ter um ordenado no final do mês. Apetece-me sentir qualquer coisa que não seja olhar para a minha direita e ver um tipo todo certinho, com mulher, filhos, casas, carros, mas quadrado de pensamento. Olho para a esquerda e vejo o outro que é esperto de mais para a cabeça que tem. Apetece-me estar com alguém que entenda, que a maior fortuna não é o que temos e cá deixamos, mas sim, o que levamos connosco. Apenas levamos pensamentos, os livros que lemos, as viagens que fazemos, e as musicas que ouvimos. Levamos o que sentimos. Eu gosto de sentir, por muito que me assuste, gosto. Gosto de abraços. Gosto se ser ouvido sem ser julgado. Escrevo para te dar um beijo e a lua cheia, O mar que deitas pelas lágrimas, saborosamente salgadas. Escrevo para dizer que me lembro. Que não me esqueço. Escrevo porque gosto de ti. Escrevo porque gosto de escrever. Beijo-te a alma com o coração.

Catatónicamente imóvel ...

Pesam as palavras. Pesa o sono intranquilo. Despejo mil palavras que dão espaço a outras que se hão-de gerar. Assaltam-me palavras de silêncio que me transformam as ideias. Renovo. Renasço. Transfiguro vulnerabilidade em alento. Depois de ler um texto sobre a magia da pessoa errada apraz-me assimilar.

Não sou apologista das relações perfeitas. Sem sal. Apaixonarmo-nos pela pessoa certa deve ser muito chato, muito harmonioso. Esperar pelo telefonema ansiosamente é ok. Esperar pelos atrasos é ansiosamente bom. Estar zangado é sublime, porque torna cada etapa ultrapassada fascinante, fantástica e inundada de desejo.

Como se escreveria sobre o Amor, se o amor fosse uma “coisa normal”?

Como se inspirariam os poetas sem a dor de não ter!

Sem a dor do sentir!

Beber em lágrimas paixão, é o que a torna especial. Não respirar e não ver. Sentir, sentir, sentir e enlouquecer. Gozar a calmaria do desvario e cansaço. Esperar sem saber o que esperar. Conduzir a duzentos á hora sem nos lembrarmos do caminho. Sonhar as palavras feitas de ideias, sem nunca saber se as ideias atingirão as palavras. Não saber se os momentos são reais. Sentir apenas a invasão abusiva da loucura da alma no peito. Sentir realmente um fogo a arder e um contentamento descontente. Depois desejar ficar catatónicamente imóvel de olhar perdido no nada, e, nada esperar. È o bom que tem a pessoa errada…

 

a felicidade mora numa rua perto da loucura

 

A amante que durante anos me passou pelos braços morreu. Morreu nos braços do marido a dizer o meu nome. Nome que durante anos escondeu. Nome que guardou gritando. Morreu a segreda-lo. Adorava tê-la ao telefone a andar de um lado para o outro, ao som ritmado dos tacões dos seus sapatos. Adorava analisar os seus textos e fotos. Adorava os pedidos de boa viagem e de beijos. Nunca fui ver-o-mar com ela, adiei. Agora não posso mais ver-o-mar ás quintas-feiras porque morri com ela. Uma viagem é apenas serenar o coração. Uma lembrança, um cheiro. Existe um pinhal regado de vento. Umas escadas escuras que gemem agua ao subir e lágrimas ao descer. Tem sol e sei que o mato irá ter cheiro. Fica a meio caminho do início, de um caminho desiniciado. Os lobos escondem-se e denunciam os passos. Apenas as estrelas nunca se apagam. Ate a lua se esconde. As estrelas nunca se apagam têm um sentido e uma direcção. No romance as coisas são diferentes. Não há sentido nem direcção. A vontade própria é aliada da abrupta. Os encontros serenam a vontade. As palavras estão codificadas no céu. As estrelas emitem sinais. Os lobos uivam ao vento, e empurram cada dia a serra, mais e mais para cá. Suavemente os amantes sabem que um dia o mar encaminhara aquela onda! Que serão removidos das amarras! Ficarão apenas olhando e tocando os dedos mínimos como se fosse máximo. A maré esvaziara e tudo recomeçara no ontem. Vivo morto em viagem permanente pela vida. Acredito que a felicidade mora numa rua perto da loucura. Não faço planos para a vida, Não vá eu estragar os planos que a vida tem para mim.
 

a tres de maio !

Acordou solarengo e descorado. Adormeci a saber que ia sonhar. O percurso dos dias estava em celebração. Preparei tudo e fui. Na praça sem combinar os encontros eles surgiram. Um, depois outro e ainda outro. Tanto a agua como o café estavam quentes. Tão quentes como a minha respiração. Tentava absorver tudo sabedor da irrepetibilidade daqueles momentos, daquele dia. Projectei as lágrimas das mães e dos avos. Estava tenso da calma que me assenhoreava. Os burburinhos eram bonançosos e os sorrisos milagrosos. Cantavam aleluias que me sabiam bem. Trocava olhares cúmplices com a minha filha que sorria pelos olhos. Beijei antes os meus pais. O meu pai apertou-me aquela mão sem palavras necessárias. Sei que pensou: “Deus é grande”. Desfilaram pela rua acima capas negras pintadas de coloridas fitas. Uma era minha. Um era eu. O sol não me queimava. Queimava-me de arrepio alguns sentires que me avassalaram. Resisti. Senti depois com cuidado que fazia parte. Que tinha feito por isso, e que poderia estar condenado. Condenado a ser feliz. Condenado a viver aquele momento de felicidade. Pensei em duas ou três pessoas. Senti momentos que já não vivem comigo mas que são meus. Que fazem parte. O esplendor deitou se com o crepúsculo. Voltei para o meu sofá e voltei a ler. Entediei-me de pensamentos e gozei. Resolvi não sair e fiquei. Trouxe as pessoas e guardei-as. Acomodei-as muito bem no meu peito. Para onde for irão comigo. Passarão o que eu passar. Sábado para que conste a três de Maio de dois mil e oito. Benzeram-me na cidade dos Templários.