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Cardilium

Cardilium

Muito rio e pouca água!...

Muito rio e pouca água. Corre assim o leito da minha esperança. Espero que a ansiedade me liberte das ideias. Espero num degrau de pedra fria que a noite se deite em passos largos de dança. Corrijo o destino. Viajo pelo tempo e contemplo o caminho. De madrugada a saudade queima-me a ilusão. Entendo largo esse tempo. Abril, saudoso Abril escondeste-te da liberdade. Os beijos foram trabalhar para a cidade. Calmamente deixaram de aparecer aos fins-de-semana. Abruptamente desapareceram do meu peito. Para uns é Deus para outros é o Diabo. O gráfico que representa a vida é feito de altos e baixos. Reparei nisso no resultado de um exame a que chamam electrocardiograma. Vi a vida. Assim mesmo. Com altos e baixos. Nada certa. Incerta sem equilíbrio. Fico mais sereno vendo o resultado assim transcrito em papel milimétrico. Sem duvida, sem nada por esclarecer. O poema que declama a vida foi escrito pela mão do Amor. O milhão de poetas que escreveram o Amor, está em cada sílaba da poesia. São vida, são movimento. Cada palavra carrega o significado da loucura, da viagem, do poema e da verdade. Queria agora ter-te em abraço declamado por um piano. Mesmo ressuscitado dos acordes, dedilhados na serra, a caminho de Gibraltar.

Maldoror & Ca lda

Maldoror foi das últimas obras de arte que vi. Repeti. Sarcástico, em episódios. "Pois bem, que assim seja! Que minha guerra contra o homem se eternize, já que cada um de nós reconhece no outro sua própria degradação... já que somos ambos inimigos mortais. Quer deva eu conseguir uma vitória desastrosa ou sucumbir, o combate será belo; eu, sozinho contra a humanidade" Lautreámont “Os Cantos de Maldoror”.

Ícone maldito da poesia absoluta. Uma viagem ás lacunas do ego, á fome insaciável de ego. Frio de raciocínio, alma de paixão. visionário e tortuoso. Espectáculo embriagante salpicado com o peso que carregamos nos ombros. Obrigado Adolfo.

 

Dias depois “The Cure”, mais do mesmo. Não sabe bem ver o mentor equilibrado e sóbrio. O revoltado está resignado. Já vota e participa nas festas de caridade. Os góticos fiéis de olhos pintados e lentes de contacto transparentes continuam em depressão. Lindo.

 

Para muito em breve Portishead que me tira o sono e faz borboletas na barriga. Dez anos depois de me ter apaixonado pela sua musica e ter feito milhares de quilómetros na sua companhia. Logo logo a seguir Nick Cave termina com os bilhetes que já dormem na carteira.

 

Neste meio tempo Mário Laginha e Bernardo Sasseti, Sem palavras. Homenagem ao grande Zeca Afonso. A liberdade afinal esta a passar por aqui, os vampiros existem, não há machado que corte a raiz ao pensamento, os vocábulos são redondos, a Grândola ainda é morena, assim sendo traz outro amigo também. Arrepiante cada nota daqueles pianos siameses.

 

Como diz o Pereira “the party never finishes”

Os pederastas

Chovem pedaços de corpos do céu. Os pederastas como abutres aproveitam apodrecida a carne num festim conjunto de gargalhadas sublimes. Reúnem-se em volta de uma mesa de cinismo. Esquecem-se que também caiem. Usam base para parecerem bem. Desculpam morte com atrasos e nascimentos por falta de erecção. Justificam roubos, agressões, assassinos e assassinatos com coincidências e segurança. Justificam o ruído de cem mil como se de gritos calados se tratassem. Não ouvem, estão surdos. Espraiam hipocrisia pelos poros e manipulam a estatística, como se iletrados fossemos todos nós. A pide esta de volta, indisfarçável. Pedaços de carne em montes, apodrecem. Cheira a infortúnio o nosso governo. Não há protecção, não há quem nos defenda, quem nos pague. O cidadão é o inimigo comum. Quem pensa é arrojado. Percebo melhor porque se deseduca, porque se estupidifica, porque se tira a vontade. Estou cansado do ar angélico, imaculado e sonso do tipo e seus pares. Estou farto de estar atulhado. Estou esgotado do manhoso. Estou farto de falsa humildade e da desonestidade latente. Estou desesperado da desesperança. Hipocritas de ar angelico ...

 

 

o beijo....

Cada cor que se solta nas palavras são enigmas. Sofrer de dislexia ou ser daltónico não faz com que as palavras deixem de ter cor, ou que cada cor não possa ser dita por palavras. È como dar e receber. Se quero muito dar, recebo. A liberdade não faz de mim um ser livre.

Creio até que a liberdade plena não existe. Há momentos. Tal como a felicidade e o contrario dela. Tudo é efémero. Tudo vai e vem. Tudo se repete e se transforma. As ondas do mar sendo iguais não o são. São metamorfose. São movimento.

 

Depois existe o beijo. O beijo é como uma viagem sem destino. Nunca se sabe onde começa. Nunca se sabe onde falece. Um beijo é uma obra de arte. O fascínio de sentir uma boca, uma face. Há beijos seguros e serenos. Há beijos incontrolavelmente decididos. Há beijos eternos, basta um na vida. Os beijos não têm nacionalidade. Não têm direcção. Os beijos são intermináveis são como a retórica ou o sofismo. O beijo raro guarda-se como uma jóia. Os beijos nunca se desperdiçam. Os beijos enrolados de língua fazem frio na barriga. Os beijos encandeiam e têm cor. A simples recordação de um beijo tem vida. Tem momento. Um beijo pode ser uma vida. Não há vida sem beijos Os beijos são únicos. Ninguém os dá de forma igual. Os beijos têm mil anos e cabelos brancos.

Os beijos são de outro milénio e são eternos……………

www.guetodofumo.com

O sol espelha no lago bem cuidado como se pedisse o beijo. Ao redor os pássaros de mil cores dançam com uma vida inacreditável. Apetece espreguiçar na relva. Cheira a cigarros agora em qualquer espaço aberto. A relva vai semeando as beatas que outrora eram sepultadas em cinzeiros apropriados, em espaços fechados e dignos. Fazem se grupos para a fumarada. As cumplicidades cancerígenas são partilhadas no gueto. Os olhares acenam as cabeças. Tanto as do pró como as do contra. Interessa é acenar. A consciência pesa e deita fumo. O lobbie nicorete esta instalado. Consulte o seu farmacêutico. Sem dramas. Quanto mais marginal melhor. Os pássaros depenicam beatas que transformam em esculturas. Agora é tudo mais arejado e amarelado. Tudo tem um fascínio nublado. Somos mais solidários e compreendemo-nos melhor. Que bom é fumar em grupo. Que belos conhecimentos travamos, com alguém que é como nós. Já invejei ate umas baforadas que vi dar. Que classe. Afinal há fumar e fumar. Nem toda a gente fuma da mesma maneira. Nem toda a gente o pega com a mesma mão. Com a mesma subtileza ou carinho. Nem toda a gente o chupa de igual forma. Gosto agora muito mais de fumar, e mais, gosto agora muito mais de recatado, ver fumar. Gosto de observar a correria para fumar no intervalo de um jogo de futebol. Podiam criar um jogo “a corrida para fumar”, “quem chegar primeiro ganha um isqueiro”. Consulte o regulamento, disponível em www.guetodofumo.com. Afinal somos todos muito mais felizes a fumar em grupo.