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Cardilium

Cardilium

A Alma...

A natureza é um conjunto de respostas á vida. Os sorrisos encaminham-me. Se acredito no regresso terapêutico á infância e na regressão, então, serei obviamente obrigado a acreditar na vida eterna. A liberdade doutra forma seria um inútil e estéril conceito. Não choro perdas. Choro a dor da saudade. A dor da saudade de estar. A dor da saudade de abraçar, as longas viagens. Sou vulnerável quando pousa em mim uma manha cinza de Outono. Fico ébrio quando uma madrugada de Julho me abraça. Sou equilíbrio quando ma toca nos lábios, incertezas primaveris. As estações são etapas de moderação e euforia. O sol chama-me tanto como a chuva. A chuva entrega-ma a casa. O sol oferece-me a rua e as noites. Não sou resultado das minhas escolhas, das minhas “companhias”. Sou eu próprio como resultado das estações. Deprimo com a euforia. Gosto “tanto tanto” da minha solidão. O meu silêncio brinda-me com ideias sublimes. Saio de mim e volto. Tenho finalmente conhecimento do que é a alma e o brilho que tem. As almas entendem-se. O não entendimento de almas escusa a tentativa. Não adianta nem atrasa, apenas escusa a tentativa. Antes de mais subsiste a alma. Percebo isso ao acordar. Não entendo a alma na euforia de um adormecer. Percebo-a na consciência de um acordar. Num patético sorriso. Num dedo entrelaçado noutro. Percebo-a na calma da respiração sufocante. A alma “manda recados” pela solidão, e diz “coisas” á verdade. Tem brilho e paladar. È quase, quase terrena…… afinal. Os poetas não têm alma, são-na.

Feitiço

Pudesse eu ter te em mim

Podar ramos fora de tempo

Entreter-te com o meu olhar

Simular a tua alegria

Ser fascínio transversal

Ser teu Deus, ser teu altar

 

Fizesse eu do tempo feitiço

Transformismo, alucinação

Desvario coisa ruim,

Pecado, loucura, ilusão.

 

Entre passos cambaleantes

Sorrisos áridos, desertos

Cheia de ti está a minh´alma

De abraços que senti

Sob a luz incandescente

Sobra terra, sol e nevoeiro.

Sonho-te

O sitio é calmo. A ilusão de óptica com que o mar me acorda é doirada. Parece-me chegar ao mar com os dedos. O sol faz o seu percurso raso com a vegetação. Esconde-se na hora marcada. Na hora combinada. As gaivotas deitam-se num voo circundante, Exuperyano e nocturno. Na praia os resistentes queimam os últimos passos. Chegam pescadores de esperança. Namoro de olhares. Sento-me no telhado por detrás do farol. A varanda abaulada cheira a livros. O crepúsculo cai em decadência. O som é difuso. È diferente se de encontro á rocha, se de encontro ao mar. Um velho poema é declamado em surdina. Beijo e passeio-me nos teus lábios de seda. O cheiro da noite habita a minha pele. As palavras encolhem a minha solidão. Compreendo que tornaste doce a minha vida. A verdade divergente, da verdade dos homens é o meu mundo. Uso mais do que cinco sentidos, não sei quantos. Fecho-me ao pensar dos que me impedem sonhar. Com o sonho aprendo que não sei. Sonho estar por estar. Ser por ser. Sonho-te a presença. Sonho-te o afecto. Sonho-te as palavras que não oiço. Sonho a vida, porque acordado a vivo. A estrada prateada junta-me ás estrelas. Sonho um possivel sonho.