A antecipação dos vazios
A antecipação dos vazios é-me oferecida pela experiência. Se, se, então não. Se não, então se, talvez. Se talvez, então o se não, pode ser um se, se. O que observo não me faz crer nos “ses”, então, a antecipação dos vazios, é-me dada pelo ensaio transformacional do amor em desamor, ou mesmo pela ilusão do amor, dádiva da carência, ou na mera necessidade fisiológica denominada tesão. Antecipo-o como se o céu se abrisse e fechasse, mediante a chuva ou o calor dele desprendido. Antecipo-o como as criaturas que dizem: “vem lá chuva, dói-me um joelho”. Antecipo-o, especialmente porque muitos dos anos antes e usados, não antecipei. Antecipo porque paro, porque me movo, porque gosto essencialmente de atingir a minha essência. O vento não me derruba, mesmo que caia. Aprendi o destino, aceitei-o com lisura e sempre me levantei. A maré até pode passar por aqui feita de dilúvio ou tempestade, eu tenho raízes que me suportam, conceitos que me solidificam. Já reflorestei o meu deserto e plantei lírios de alento, deles faço a minha âncora de antecipação. A mágoa já não me sabe, é indolor, inodora e incolor, é a loucura e o frenesim dos meus sentimentos, é a antecipação desnudada e visível de um rosto corrente, familiar e natural.
A antecipação dos vazios é-me oferecida pela experiência