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Cardilium

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A poesia é uma arma carregada de futuro

A poesia é uma arma carregada de futuro, já o foi no tempo da ditadura e do prec. Não o será tanto hoje, porque a surdez se generalizou. Mas os poetas estão aí, de armas carregadas de destino, neste país onde o fado se tornou património mundial. O que é o fado senão poesia arrastada. As palavras quando bem usados são caminho, sentimento, história, pergaminho, e futuro. Muito futuro. Quando a poetisa nos diz “que os outros se vendem mas tu não”, ou quando os poetas nos dizem ”ouvir de novo a tua voz seria matar a sede com água salgada”, ou simplesmente “ poeta castrado não”, isso não será premonição ou alerta? Futurologia ou confissão? Desafogo ou permissão? Liberdade ou pluralismo? A palavra é uma arma, esquecida e abandonada, mas que contem as respostas necessárias ao bem viver e ao viver bem. As palavras são combate e revolução, revindicação e direito. A poesia é a chave para o entendimento e a lucidez. A poesia está viva e vive na rua, não vive unificada, vive reunida nas cabeças dos que não a aguentam e a fazem explodir.

 

A poesia explode e faz-me arder,

Arde-me em labaredas que decifro,

Em palavras descondizentes,

Que anunciam pedaços de mim.

Viva é, de entendimento e súplica,

De amor e desgraça,

De florestas e vento,

De igrejas decoradas,

E colares de flores com que me enfeito.

As palavras são a lágrima que lambo,

Os sorrisos que embargo,

As vontades com que me impeço,

O pedido a que rezo.

A poesia é tanto e mais do que eu,

É a adequação do que não sou,

E a verdade que me rege o pranto.

A poesia é uma arma carregada de futuro!