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Cardilium

Cardilium

Carta descritiva a J. Fogo Homem

Pára. Pára de te chicotear com esse teu espírito aventureiro. Pára de sentires que o amor morreu em ti. Que tentas e não consegues. Que apenas e egoisticamente sentes saudades tuas e do teu “sítio”, esse “sítio” que te guarda e embala. A circuncisão com o mundo é real. Esforças-te durante as horas que tens que te esforçar. Rapidamente a saudade do teu mundo te invade, sufoca e massacra. Só jazes por lá, “no teu sítio”. Amaste o que tinhas que amar e foste amado o que tinhas que ser. Agora soçobra a multidão que te habita e faz de ti obra sua, assinada de essência tua. Não crês, não crias. Apenas deixas sair de ti essa criação que escondes e te envergonha. Não te tens. Não és. Sentes desajustado. Entre-os-rios a noite e a lua continuam sábios. Precisas dos teus silêncios e dos teus rumores. Aceitas e acedes. Já não lutas. O teu desentendimento é apenas os olhos de quem não te avista. O teu acertamento, é a aceitação que em ti existe mil anos por descobrir. Jamais poderão decidir por ti, querer por ti. Jamais poderás ser feliz aceitando as escolhas que não fizeste. Tu queres. Tu tentas, mas dentro de ti o fogo e a água misturam-se, e o fogo não se afugenta. Dentro de ti a miséria e a fartura encontram-se na mesma mesa. Dá-te sossego. Dá-te alegria. Dá saltos e piparotes. Dança. Canta e toca. Põe melodia no teu olhar. Abraço terno e paciência. amigo J.Fogo Homem.

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