Nem é trabalho, nem hobbie, é paixão.
Nem é trabalho, nem hobbie, é paixão respondi. São braçadas de beijos aos molhos. São moitas verdes e sombrias. São pássaros migrados e pertences sazonais de vida aqui. Nem é trabalho, nem hobbie, é paixão. Estar por aqui sentado a ver a vida das pessoas passar, apressadas, devagar, muito decidas, inseguras. Sabias que pelas passadas vejo as pessoas? Nos olhos colados no chão ou enfrentados, vejo o doce e o azedo da alma, a dor e o contentamento. Nem é trabalho, nem hobbie, é paixão. A medida de aferição são as crianças na sua genuína e espontaneidade. Estar por aqui é ver-me de fora para dentro. É ver-me de dentro das passadas dos outros. Embora os pés sejam os meus. Os que me mantêm na terra, os que empoeirados e sinuosos me descansam à chegada e me enfeitiçam sempre à partida. Os que também pensam em desistência nunca anunciada. Nem é trabalho, nem hobbie, é paixão, este ler e pensar neste fundo escrito por letras vagabundas, emergentes e sensoriais que me estrangulam se as deixar vivas dentro de mim. Quando as escrevo mato-as em mim e dou-lhes uma segunda vida juntas, aqui. Uma vida nova e ressurgida. Deixam de ser minhas e passam a ser de um ente indefinido mas existente.
Nem é trabalho, nem hobbie, é paixão já te disse.