Mitos e ecos
Estou escondido numa folha de papel que não é papel porque já não se escreve em papel.
Estou oculto nas palavras furtivas e recônditas.
Levanto de mim poeira assente e exponho-me ao sol que me queima.
Escondo-me nos finais de tarde por entre persianas semiabertas.
Semicerradas de mim.
Pálpebras ausentes.
Enlouqueço o meu corpo de espasmos e vontades.
Alegorias encantadas.
Mitos e ecos.
Nas horas longínquas e serenas adormecidas vagueio inerte.
Sentado viajo pelo mundo inteiro.
Viajo pelos meus livros e autores.
Viajo no desassossego proeminente da minha alma.
Na calmaria de espírito pousada no mar.