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Cardilium

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Dias há em que encontro as coisas todas fora do lugar

Dias há em que encontro as coisas todas fora do lugar. São dias em que avanço, sonho e evoluo. Questionar-me por dentro das horas de mágoa ajuda-me a entender os sinais e respostas do tempo. Por vezes, os dias vindos do nada são tudo o que tenho e guardo. Analogias metafísicas ou sensoriais desacautelam-se nos horizontes vermelhos do pôr-do-sol. Alegorias do meu ser fecundam vidas do meu alter-ego.

 

Sinto-me só. Alimento a solidão e arrisco a enfrentar-me. Os meus gostos não comuns, celebram-se de forma antagónica ao meu círculo. Um círculo nem sempre é circunferência, porque tem lados e pontiagudos ângulos inacessíveis às formas geométricas com que me deambulo, entre a folhagem almofadada da terra que piso. O direito à diferença diferencia-me e torna-me torneado e esculpido sem igual. Assim como torna todos os outros que me rodeiam.

 

Cada vez mais só, construo-me mais que as noites encostadas a um balcão não escolhido em troca de olhares perniciosos e desprovidos. Tenho que fazer, e não tenho espírito para rir sem motivo, ou chorar sem sentir. Prefiro-me à genuinidade com que me cultivo e colho. Num qualquer café-concerto cheio de gente e vazio de pessoas, aguento a presença dos mesmos minutos que roubei a mim próprio que são praticamente nenhuns.

 

Como tal, devolvo-me como um envelope enganado à procedência e cuido-me. É assim o ser que encontra as coisas fora do lugar e se encaixa no lugar que decide dar aos seres que o habitam, sem dramas ou falsas questões filosóficas. É assim porque é assim. Massacra-me apenas o desconhecimento atroz que se instala entre conhecidos a troca de coisa nenhuma.

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