Pat Metheny & Brad Mehldau
Ao campo Grande numa sala cara com gente bronzeada. Duas horas e meia de Pat Metheny & Brad Mehldau bem medidas. A sala não estava cheia como convém. Três plantas enormes em crescendo e uma diminuta. Altura houve em que não me senti ali. Embriagado entrei pelo virtuosismo adentro. As drogas nunca me fizeram sentir tão bem. Fui á cidade de fugida como gosto. Sitio pacato e discreto para um domingo á noite. Na avenida do Brasil quis deixar o meu companheiro destas andanças. Destas andanças da vida. Não quis ficar. Disse-me: “um dia quem sabe”, lembrei-me da Gelfa. Sitio adequado para o mesmo fim. Ainda estou cheio daquela música que me elevou. Como é possível fazer tanto bem á música, com música! Como pode um contrabaixo, dar-se tão bem com um piano, e uma bateria subjugar-se assim, a uma viola? Como podem as luzes, serem cúmplices do silêncio? Como pode a subtileza da despedida não deixar mágoa, e deixar a alma cheia, a acreditar no encontro seguinte? Como pode coexistir assim a poesia? Não distingui os doutorais dos outros. È esta a magia da musica, igualdade. Em cada rosto um amigo. O azul clorofila projectou-se na luz que me cegou. E assim respirei mais duas horas e meia de vida. A minha pele ainda se sente arrepiada. As minhas mãos trauteiam o compasso. O meu andar é melodia. A paz cristalizou em mim. Só por ontem, de oito para nove de Julho de 2007. Adormeci atordoado de sentir. Adormeci fascinado pelas palavras trocadas. Autenticas.