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Cardilium

Cardilium

Sim...lêncio

 

Vou escrever uma página em branco. O branco é como o silêncio. Juntar-me-ei com quem comigo partilhe o silêncio não fazendo dele um imenso ruído insuportável. Abraçarei quem o não tornar pesado. Amarei quem comigo faça de uma página em branco um silêncio amável e partilhado. Admirarei quem comigo seja cúmplice desse precioso e necessário bem da existência humana. A terra cada vez tem mais ruído. Ruídos são páginas escritas mais do que lidas. Inflamadas do um se querer dizer não dito. Do um se querer mostrar nao mostrado. De um se querer ser não sendo. Escrevo em branco assim, o meu nome cristalizado em silêncio, névoa e fogo. Escrevo pintalgado de frio, quente, e temperado. Escrevo sinónimos rebuscados de adjectivos que não se expressam isoladamente num sentido pensado e conferido, mas falhado. Escrevo o meu nome e o nome de todos os que em branco se passeiam pelo silêncio das madrugadas, feitas de um mais que pousado nevoeiro numa planície semeado. As palavras por vezes só atrapalham.
 
Curvo-me respeitoso a quem sem palavras me mostra o caminho. A quem verte lágrimas porque saboreia um orgasmo. A quem prende de lágrimas um silêncio aguardando o aguardado reencontro. A quem com palavras cheias de um silêncio ausente de ruído me sabe entender. A quem entende mais que as palavras soltas por si só. A quem entende mais que o explicável. A quem explica com um suave toque de mãos. A quem morde com o olhar. A quem pede um beijo com um ate breve. A quem me pousa no peito e embala. A quem põe na dobra do lençol uma rosa e um poema. A quem me vê sem olhar. A quem me ouve sem falar. A quem com silêncio tanto me diz. A quem sem silêncios parcos me ouve. A quem tem o sonho de um dia o planeta ser uma porção de silêncio, liberdade, igualdade e fraternidade. A quem seja agua mais que terra e mar mais que ondas. A quem de desfaça no libido da minha paixão.